O candidato derrotado à presidência da Venezuela, Henrique Capriles, dá entrevista em Caracas (Foto: AFP) |
O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, "herdeiro político" do chavismo, foi eleito neste domingo (14) presidente do país até 2019, em votação realizada 40 dias após a morte do líder Hugo Chávez.
Mas seu rival, o oposicionista
Henrique Capriles, não reconheceu a vitória do chavista e pediu uma recontagem
total dos votos.
Maduro teve 50,66% dos votos,
contra 49,07% de Capriles, segundo Tibisay Lucena, chefe do Conselho Nacional
Eleitoral da Venezuela. Em números absolutos, foram 7.505.338 votos contra
7.270.403.
A vitória foi por uma margem de
1,59 ponto percentual, ou 235 mil votos, muito mais apertada do que o esperado.
A participação foi de 78,71% dos
19 milhões de eleitores cadastrados.
Lucena afirmou que os resultados
são irreversíveis, pediu respeito a eles e aconselhou os venezuelanos a se
manterem em casa.
Falando a uma multidão de
chavistas desde o Palácio de Miraflores, Maduro disse que sua vitória foi
"justa e legal", mandou uma mensagem de união aos opositores
derrotadas e prometeu manter as conquistas dos 14 anos de governo Chávez.
O presidente eleito afirmou no
entanto que apoia uma auditoria nos votos, já pedida pelo integrante oposicionista
do Conselho Eleitoral, Vicente Díaz.
Pouco antes do anúncio do
resultado, o oposicionista Capriles já havia insinuado, via Twitter, sobre uma
suposta tentativa de fraude, mas foi rechaçado pelo governo, que o acusou de
"irresponsabilidade" em suas declarações.
A notícia da vitória de Maduro
foi recebida com fogos de artifício pelos chavistas em Caracas.
Chavistas comemoram a vitória de Nicolás Maduro neste domingo (14) nas ruas de Caracas (Foto: Reuters) |
Partidário de Henrique Capriles choram sua derrota neste domingo (14) em Caracas, capital da Venezuela (Foto: AFP)
Manifestantes da oposição, que
acreditavam na vitória de Capriles, foram às ruas batendo panelas e choraram
tristes contra o resultado.
País dividido
Maduro foi eleito após uma
campanha curta, feita ainda sob a emoção da morte recente de Chávez. Ele terá o
desafio de dirigir uma nação bastante dividida.
Ao votar neste domingo, ele
afirmou que não fará um "pacto" com a "burguesia", seguindo
na linha chavista de acirrar o confronto de classes no país.
Menos carismático que o
"Comandante", ele vai precisar manter a unidade do chavismo e
encontrar um estilo próprio de governar, após 14 anos do governo personalista
de Chávez.
A crise econômica e a violência
são alguns dos principais desafios que ele terá pela frente.
O sucessor, "ungido"
por Chávez em dezembro do ano passado, herda uma Venezuela com as maiores
reservas de petróleo em todo o mundo, mas com a maior inflação da América
Latina, 20,1% em 2012, uma indústria deprimida, ciclos de escassez de bens de
consumo e uma dívida pública que ultrapassa 50% do PIB (Produto Interno Bruto).
A eleição extraordinária deste
domingo ocorreu porque Chávez, reeleito presidente em outubro do ano passado
após bater o mesmo Capriles com uma vantagem de mais de 1,5 milhão de votos,
nem chegou a assumir o mandato, por conta de seus problemas de saúde.
O polêmico líder socialista, que
mudou a cara da Venezuela ao longo de seus mandatos, acabaria morrendo em 5 de
março, em um hospital militar de Caracas, após uma longa luta contra o câncer.
A maneira como o governo lidou
com a doença de Chávez, bem como as decisões do Judiciário que mantiveram
Maduro no poder, foram bastante criticadas pela oposição.
Os oposicionistas, Capriles à
frente, acusaram o governo de falta de transparência durante o processo e
durante o tratamento de Chávez, que ocorreu, em sua maior parte, em Cuba.
Maduro, de 50 anos, ex-motorista,
ex-sindicalista e ex-ministro das Relações Exteriores, afirmou, ao longo da
campanha, que pretende continuar a chamada "revolução bolivariana" de
Chávez, marcada por projetos sociais que beneficiaram os mais pobres, mas
também por problemas.
Ao longo da campanha, Maduro
"colou" sua imagem à do carismático Chávez, de quem se disse
"filho" e "apóstolo", em uma tentativa de encaminhar a
escolha popular para o lado emocional.
As pesquisas eleitorais davam uma
vantagem de sete pontos para Maduro em relação ao rival, mas o resultado das
urnas se mostrou mais apertado, o que apenas intensifica as divisões internas
do país.
Maduro, que já vem governando o
país desde que Chávez foi a Cuba para se tratar em dezembro passado, vai tomar
posse em 19 de abril.
Cerca de 170 organizações
internacionais acompanharam o processo eleitoral na Venezuela, entre elas o
Centro Carter.
Fonte: G1
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