sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Com olho em 2014, partidos decidem apoiar pedetista

Ao optarem por Pedro Taques, senadores da oposição e os considerados independentes levaram dois fatores em questão: o xadrez em torno da presidência da República e do governo nos estados e a imagem negativa sobre a Casa.



Senadores independentes estiveram em várias 
reuniões até definir Taques como candidato único


Os movimentos nos bastidores para as eleições nacionais de 2014 se fizeram notar no dia anterior à disputa para a presidência no Senado. Ao convencer o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) a abandonar a candidatura e fortalecer o nome de Pedro Taques (PDT-MT), parlamentares da oposição e os considerados independentes levaram dois fatores em questão: o xadrez em torno da presidência da República e do governo nos estados e a imagem negativa sobre a Casa.

Durante todo o dia, várias reuniões ocorreram nos gabinetes de senadores considerados independentes. Para convencer Randolfe a desistir, mostraram que havia mais viabilidade no nome de Pedro Taques. O senador do Psol já havia se desentendido com integrantes do PSDB por conta de sua atuação na CPI do Cachoeira. Durante a investigação, ele gerou mágoa nos tucanos já que foi um dos defensores do indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Outro argumento usado para fazer Randolfe desistir foi de que os senadores contrários a Renan precisavam de uma candidatura única. “Foi um diálogo mostrando que nós precisaríamos estar unidos numa frente suprapartidária, de pessoas que estão dispostas a valorizar o Congresso Nacional”, disse o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) ao Congresso em Foco. Assim, o grupo teria mais votos para mostrar.

Mesmo reconhecendo o amplo favoritismo de Renan Calheiros (PMDB-AL), o grupo que apoia Taques acredita que pode deixar uma imagem positiva. “Vai ficar claro que tem uma parcela do Senado que quer fortalecer o Poder Legislativo, se sintonizar com os desejos da opinião pública”, afirmou Rollemberg. Uma das discussões no PSB era justamente sobre a possibilidade de o Senado ficar dois anos com repercussão negativa tendo Renan como presidente.

Estratégia de dividir

Um tucano disse ao Congresso em Foco que o PSDB escolheu Taques por uma questão estratégica. O partido tem perspectiva de poder em 2014 e, por isso, é melhor lançar um nome que divida a base aliada do que apostar em alguém do próprio PSDB. Prevaleceu na bancada o sentimento de evitar atrair críticas da base aliada neste momento. Caso lançasse um nome, o partido seria acusado de oportunismo eleitoral.

Para caciques do PMDB, o movimento dos tucanos e do PSB é apenas um jogo para as eleições de 2014. Na avaliação deles, Eduardo Campos (PSB), que tem pretensões de chegar ao Palácio do Planalto, é quem patrocina candidaturas como a do deputado Júlio Delgado (MG), na Câmara. “O Júlio é candidato pra ganhar? É para marcar posição! E o PSDB? É marcar posição em 2014”, opinou um influente senador do PMDB. O PSB chegou a apontar ontem o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) como candidato a presidente da Casa. Mas acabou desistindo da ideia e declarando apoio a Taques.

Os peemedebistas acreditam que o pedetista terá em torno de 20 votos. A conta dos independentes vai um pouquinho além. Randolfe disse que tinha oito votos. Agora, vê ao menos 24. “Eu tive oito [quando era candidato] e vamos mais do que triplicar. E vamos ter mais”, afirmou o senador do Psol, apostando nas dissidências e no voto secreto.

Qualquer que seja o resultado, Álvaro Dias (PSDB-PR) vai considerar a oposição vitoriosa se reunir 26 ou 27 votos. Para ele, isso poderia ajudar a montar um grupo forte na Casa para “caminhar juntos”, exceto para a criação de CPIs. “A não ser que sejam comissões que não atinjam o governo”, disse o tucano.

Dissidências contidas

Renan ganhou aliados até entre os que pretendiam votar em Luiz Henrique (PMDB-SC), que sequer apareceu na reunião da bancada que sacramentou o nome do atual líder do PMDB. Para esses ex-dissidentes e outros influentes senadores, os independentes podem estar com a calculadora supervalorizada a favor de Pedro Taques.

Os peemedebistas calculam que gente no próprio PDT e quase a totalidade do DEM vão cerrar fileiras com Renan. No PSDB, senadores reclamaram que, ao apoiar Taques, o partido poderia perder cargos na Mesa. “Mas acima disso está a instituição”, afirmou Aécio Neves (PSDB-MG).

Com esse trunfo nas mãos, os peemedebistas retaliam os tucanos nos bastidores. “Se o PSDB quebra a proporcionalidade na Mesa, libera para que outros quebrem”, disse o novo líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE).

Fonte: Congresso em Foco

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